UNIVERSIDADE SÊNIOR SANT´ANNA

UNIVERSIDADE SÊNIOR SANT´ANNA
CURSO DE EXTENSÃO CULTURAL PARA A TERCEIRA IDADE

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TEXTO ENGRAÇADO

NAMORO NOS TEMPOS MODERNOS


— Mãe, vou me casar!
— Jura, meu filho?! Estou tão feliz! Quem é a moça?
— Não é moça. Vou me casar com um moço. O nome dele é Murilo.
— Você falou Murilo, ou foi meu cérebro que sofreu um pequeno surto psicótico?
— Eu falei Murilo. Por que, mãe? Tá acontecendo alguma coisa?
— Nada, não, só minha visão que está um pouco turva. E meu coração, que talvez dê uma parada. No mais, tá tudo ótimo.
— Se você tiver algum problema em relação a isto, melhor falar logo.
— Problema? Problema nenhum. Só pensei que algum dia ia ter uma nora... ou isso.
— Você vai ter uma nora. Só que uma nora... meio macho. Ou um genro meio fêmea. Resumindo: uma nora quase macho, tendendo a um genro quase fêmea.
— E quando eu vou conhecer o meu... a minha... o Murilo?
— Pode chamá-lo de Biscoito. É seu apelido.
— Tá! Biscoito... Já gostei dele! Alguém com esse apelido só pode ser uma pessoa bacana. Quando o Biscoito vem aqui?
— Por quê?
— Por nada. Só pra eu poder desacordar seu pai com antecedência.
— Você acha que o papai não vai aceitar?
— Claro que vai aceitar! Lógico que vai. Só não sei se ele vai sobreviver... Mas isso também é uma bobagem. Ele morre sabendo que você achou sua cara-metade. E olha que espetáculo: as duas metades com bigode.
— Mãe, que besteira! Hoje em dia praticamente todos os meus amigos são gays.
— Só espero que tenha sobrado algum que não seja, pra poder apresentar pra sua irmã.
— A Bel já tá namorando.
— A Bel? Namorando? Ela não me falou nada... Quem é?
— Uma tal de Veruska.
— Como?
— Ve-rus-ka.
— Ah, bom. Que susto! Pensei que você tivesse falado Veruska.
— Mãe!!!
— Tá, tá, tudo bem. Se vocês são felizes. Só fico triste porque não vou ter um neto.
— Por que não? Eu e o Biscoito queremos dois filhos. Eu vou doar os espermatozoides. E a ex-namorada do Biscoito vai doar os óvulos.
— Ex-namorada? O Biscoito tem ex-namorada?
— Quando ele era hétero... A Veruska.
— Que Veruska?
— Namorada da Bel.
— Peraí! A ex-namorada do seu atual namorado é a atual namorada da sua irmã, que é minha filha também, que se chama Bel. É isso? Porque eu me perdi um pouco.
— É isso. Pois é, a Veruska doou os óvulos e nós vamos alugar um útero.
— De quem?
— Da Bel.
— Logo da Bel? Quer dizer, então, que a Bel vai gerar um filho seu e do Biscoito, com o seu espermatozoide e com o óvulo da namorada dela, que é a Veruska?
— Isso.
— Essa criança, de certa forma, vai ser sua filha, filha do Biscoito, filha da Veruska e filha da Bel.
— Em termos...
— A criança vai ter duas mães: você e o Biscoito. E dois pais: a Veruska e a Bel.
— Por aí...
— Por outro lado, a Bel, além de mãe, é tia, ou tio, porque é sua irmã.
— Exato. E ano que vem vamos ter um segundo filho. Aí o Biscoito é que entra com o espermatozoide, que dessa vez vai ser gerado no ventre da Veruska, com o óvulo da Bel. A gente só vai trocar.
— Só trocar, né? Agora o óvulo vai ser da Bel e o ventre, da Veruska.
— Exato!
— Agora eu entendi! Agora eu realmente entendi...
— Entendeu o quê?
— Entendi que é uma espécie de swing dos tempos modernos!
— Que swing, mãe?!?
— É swing, sim! Uma troca de casais, com os óvulos e os espermatozoides, uma hora no útero de uma, outra hora no útero de outra...
— Mas...
— Mas uns tomates! Isso é um bacanal de última geração! E pior: com incesto no meio.
— A Bel e a Veruska só vão ajudar na concepção do nosso filho, só isso.
— Sei!!! E quando elas quiserem ter filhos...
— Nós ajudamos.
— Quer saber? No final das contas não entendi mais nada. Não entendi quem vai ser mãe de quem, quem vai ser pai de quem, de quem vai ser o útero, o espermatozoide... A única coisa que eu entendi é que...
— Que...?
— Fazer árvore genealógica daqui pra frente vai ser complicado!

 

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