Cansaço
O cansaço, este cansaço
Que nos invade os ossos,
Transforma as tentativas de vida
Um aglomerado de destroços
O cansaço que nos penetra,
Nos infecta cada desejo de saída.
A porta que atrai é secreta,
Cada ato é uma recidiva.
O cansaço de nada vermos,
Tudo é passado, tudo é visto,
Para além do que já sabemos;
Novidade é bem que é arisco.
O cansaço que nos entristece;
Cada momento uma desilusão;
Em cada dia mais nos arrefece
A procura da desejada sensação.
O cansaço que nos investe,
O cansaço que nos toma,
Até que da esperança nada reste,
Nem nesta nem noutra forma.
O cansaço, este grande cansaço,
Que nos leva a desistir de nós,
Que nos leva a procurar um regaço,
Um, em que não nos sintamos sós.
O cansaço de nada ser solução,
O cansaço de tudo ser inútil,
Uma procura quase sem razão,
Cada ressurgimento é coisa fútil.
O cansaço de agora escrever,
O cansaço da tentativa proscrita,
O cansaço de procurar obter,
Minha alma no prazer da escrita.
Autor: António Viana
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