UNIVERSIDADE SÊNIOR SANT´ANNA

UNIVERSIDADE SÊNIOR SANT´ANNA
CURSO DE EXTENSÃO CULTURAL PARA A TERCEIRA IDADE

domingo, 22 de setembro de 2013

REFLEXÕES



Eu estava com pressa. Passei correndo pela sala de jantar usando meu melhor vestido, concentrada em me preparar para um encontro de negócios noturno. Gillian, minha filha de quatro anos, estava dançando ao som de sua música favorita, Cool, do filme Amor, Sublime Amor.
Eu estava à beira de chegar atrasada. No entanto, uma vozinha dentro de mim disse: "Pare."
Então parei. Olhei para ela. Aproximei-me, peguei sua mão e a rodopiei. Minha filha de sete anos, Caitlin, entrou em nossa órbita e eu também a peguei. Nós três dançamos alucinadamente pela sala de jantar até chegarmos à sala de estar. Ríamos. Rodopiávamos. Será que os vizinhos podiam ver a loucura pelas janelas? Não tinha importância. A música chegou ao fim com um floreio dramático e nossa dança terminou com ela. Dei um tapinha em seus traseiros e mandei que fossem tomar banho.
Elas subiram as escadas, sem fôlego, seus risinhos ricocheteando pelas paredes. Voltei aos meus afazeres. Estava dobrada para a frente, enfiando papéis em uma pasta, quando ouvi a mais nova falar para a irmã:
- Caitlin, você não acha que a mamãe é a mais melhor de todas?
Congelei. Eu quase correra pela vida, perdendo aquele momento. Meu pensamento foi para os prêmios e os diplomas que cobriam as paredes do meu escritório. Nenhum prêmio, nenhuma realização que eu jamais alcançara, poderia se comparar a isso: "Você não acha que a mamãe é a mais melhor?"
Minha filha disse isso quando tinha quatro anos. Não espero que ela o diga com quatorze. Mas, aos quarenta, se ela se inclinar por cima daquela caixa de pinho para dizer adeus para o recipiente descartado da minha alma, quero que o diga.
"Mamãe não é a mais melhor?"
Não combina com meu currículo. Mas quero isso gravado na minha lápide.
Gina Barrett Schlesinger

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